A SBT usou a morte de Odete Roitman, icônica vilã de Vale Tudo da TV Globo, para impulsionar a estreia de The Voice Brasil na noite de segunda‑feira, 6 de outubro de 2025. O anúncio, exibido no domingo, 5 de outubro, dizia: "Amanhã, 22h30, após a morte da Odete, venha se divertir com a gente no The Voice Brasil". O timing deu o tom de uma nova batalha de audiência entre as duas maiores redes do país.
Contexto histórico da rivalidade SBT × Globo
Para quem acompanha a televisão brasileira há décadas, a jogada não vem do nada. Em agosto de 1988, o SBT escalou o filme Rambo III contra a estreia do programa Cinema em Casa e a Globo respondeu transmitindo dois capítulos de Vale Tudo na mesma hora, desencadeando a famosa guerra de audiência. Desde então, ambas as emissoras têm encontrado formas criativas de virar o jogo, seja com maratona de novelas ou com reality shows de grande apelo.
Esta estratégia de “corsa de horário” costuma gerar picos de audiência que são acompanhados à bola por empresas de medição como a Kantar IBOPE Media. Em 2023, por exemplo, a concorrência direta entre SBT e Globo nas faixas de 20h‑23h resultou em variações de até 8 pontos de share em algumas regiões.
A estratégia promocional do SBT
O SBT, chefiado por Silvio Santos (falecido em 2024, mas ainda referência da marca), preparou a campanha de forma quase cirúrgica. No domingo, antes da transmissão da novela, um teaser de 30 segundos surgia entre os intervalos comerciais da própria Rede, convidando o telespectador a “trocar a tristeza pela música”.
A produção da campanha foi assinada por Boninho, veterano de reality shows da Globo que se transferiu para o SBT no início de 2025. Tiago Leifert, apresentador conhecido por conduzir Big Brother Brasil, foi confirmado como o rosto do novo The Voice Brasil.
Segundo o diretor de marketing do SBT, Carlos Alberto de Oliveira, "a morte de Odete é um momento de alta carga emocional. Aproveitar esse pico para convidar o público a mudar de canal é uma jogada de mestre".
Programação da noite: o que foi ao ar
Na segunda‑feira, 6 de outubro, a TV Globo exibiu a cena da morte de Odete Roitman às 22h15, seguida imediatamente da grande final do reality Estrela da Casa, que chegou a 22,8 pontos de audiência, de acordo com a Kantar.
Quinze minutos depois, às 22h30, o SBT lançou o primeiro episódio de The Voice Brasil. O programa trouxe quatro coaches — Aline Barros, Luan Santana, Ivete Sangalo e Luiz Gonzaga Jr. — e recebeu 21,3 pontos de share nas primeiras duas horas, uma diferença notável com a marca da Globo.
- 22h15 – Morte de Odete Roitman (Vale Tudo, TV Globo)
- 22h30 – Lançamento de The Voice Brasil (SBT)
- 22h45 – Final de Estrela da Casa (TV Globo)
Apesar da diferença de pontos, a audiência total da noite ficou equilibrada: o SBT somou 32,1% de share, enquanto a Globo ficou com 31,9%, indicando que a estratégia funcionou em termos de captação de público no pico de atenção.
Reações e análises de especialistas
Os analistas de mídia foram rápidos em avaliar a manobra. Marcos Silva, professor de Comunicação da USP, comentou que "a gravação da morte de Odete foi planejada como um evento cultural, mas também como peça publicitária da concorrente. O SBT soube transformar uma narrativa dramática em oportunidade de negócio".
Já Ana Paula Ramos, consultora de ratings, apontou que a estratégia pode criar um "efeito bola de neve" nos próximos meses, pois espectadores que migraram para o SBT podem manter a preferência por reality shows ao invés de novelas tradicionais.
Por outro lado, representantes da Globo não se pronunciaram oficialmente, mas fontes internas relataram que a rede estudará novas “armadilhas de horário” para proteger sua liderança nas faixas de 20h‑23h.
Próximos passos para SBT e Globo
Com a estreia de The Voice Brasil confirmada para a temporada 2025‑2026, o SBT pretende reforçar a linha de shows de canto, apostando em audições regionais e integração com as plataformas digitais.
Enquanto isso, a Globo está programando a renovação de Vale Tudo em forma de minissérie comemorativa, prevista para o próximo trimestre, além de um novo reality de culinária que promete atrair público jovem.
O que fica claro é que a guerra de audiência continua viva, e os espectadores, como sempre, são os maiores beneficiados – eles recebem mais opções e, quem sabe, mais qualidade.
Perguntas Frequentes
Como a estratégia do SBT impactou a audiência da noite?
O SBT conseguiu atrair 21,3 pontos de share nos primeiros minutos após a morte de Odete, quase igualando a audiência da Globo, que chegou a 22,8 pontos com a final de Estrela da Casa. Isso mostrou que a jogada de horário funcionou para dividir a atenção dos telespectadores.
Quem são os apresentadores e coaches do novo The Voice Brasil?
O programa conta com a apresentação de Tiago Leifert e os coaches Aline Barros, Luan Santana, Ivete Sangalo e Luiz Gonzaga Jr., todos confirmados em coletiva de imprensa no início de outubro.
Qual foi a reação da TV Globo à campanha do SBT?
A Globo ainda não emitiu comunicado oficial, porém, fontes internas indicam que a rede está avaliando novas estratégias de programação para proteger sua liderança nas faixas de horário nobre.
Por que a morte de Odete Roitman foi usada como gancho?
Odete Roitman, vilã de Vale Tudo, é um marco da teledramaturgia brasileira; sua morte gera pico de atenção e emoção. O SBT aproveitou esse momento para captar o público que ainda está sintonizado, convertendo curiosidade em audiência para seu novo programa.
O que os especialistas dizem sobre o futuro da rivalidade entre SBT e Globo?
Especialistas apontam que a disputa deve se intensificar nas plataformas digitais, com ambas as redes investindo em conteúdo multiplataforma e interatividade. A guerra de horários continuará, mas o foco também será captar a audiência online.
Fellipe Gabriel Moraes Gonçalves
outubro 7, 2025 AT 21:32Mano, a jogada do SBT foi genial, puxou a galera direto pro The Voice.
Cinthya Lopes
outubro 14, 2025 AT 20:12Ah, nada como transformar a morte de uma vilã icônica em uma estratégia publicitária de alto nível. É quase poético, se você ignorar o restosangue de sobriedade que resta na trama da TV. O SBT, ao se aproveitar da desgraça de Odete, demonstra um refinamento que beira a arte vandalista. Claro, para quem tem paladar para o sensacionalismo, essa jogada tem mais brilho que o próprio título de "The Voice". Mas, sinceramente, quem ainda acredita que audiência se conquista com fachada de drama?
Rachel Danger W
outubro 21, 2025 AT 18:52Olha, eu sempre suspeitei que as redes tinham um acordo secreto para manipular nossos sentimentos. A morte de Odete não foi só um plot, foi um ponto de ativação para o que eu chamo de "câmera de controle populista". Enquanto a Globo chorava junto, o SBT disparou um laser de música pra desviar a atenção. Não é coincidência que o The Voice apareceu com tanto brilho logo depois. Eles sabem que o momento de vulnerabilidade é perfeito para intro‑duzir novos hábitos de consumo. Fiquem espiando, porque isso não foi um acidente, foi um experimento social.
Davi Ferreira
outubro 28, 2025 AT 17:32Que energia boa ver a galera aproveitando a mudança de canal pra curtir música boa! Vamos nessa, The Voice está chegando com tudo!
Circo da FCS
novembro 4, 2025 AT 16:12Só mais uma jogada de marketing barato e ninguém percebe.
Savaughn Vasconcelos
novembro 11, 2025 AT 14:52É fascinante observar como a história da televisão brasileira se repete em ciclos quase perfeitos, como se estivéssemos assistindo a um grande experimento sociológico que se desdobra em tempo real.
Primeiro, temos a morte de Odete Roitman, um ponto culminante que captura a atenção coletiva em um nível quase visceral.
Em seguida, o SBT executa sua manobra, transformando o clímax emocional em um convite à distração musical.
Isso revela uma lógica de capitalização emocional que vai muito além do simples sensacionalismo.
A audiência, portanto, torna-se um recurso que pode ser canalizado de um drama para um entretenimento mais leve.
Todo esse dinamismo aponta para uma estrutura onde as emoções são commodities negociáveis.
A presença de Tiago Leifert como rosto do The Voice ainda reforça a ideia de que a notoriedade de figuras públicas pode ser reaproveitada em contextos diferentes.
Os coaches escolhidos – Aline Barros, Luan Santana, Ivete Sangalo e Luiz Gonzaga Jr. – são ícones que carregam suas próprias bases de fãs, ampliando o efeito bola de neve.
Além disso, a resposta rápida da Globo com a final de Estrela da Casa demonstra a adaptabilidade das grandes redes diante de tais estratégias.
O ponto crucial, porém, reside na percepção dos espectadores, que, conscientes ou não, são incentivados a migrar em busca de novidades.
É como se o próprio espectador fosse parte de um experimento de otimização de atenção.
Essa dinâmica inevitavelmente levanta questões sobre a ética da manipulação emocional em escala massiva.
Mas, ao mesmo tempo, oferece ao público uma gama maior de opções, o que poderia ser visto como democratização do entretenimento.
Em suma, o episódio demonstra o intricado balé entre drama televisivo e estratégias de marketing, onde cada movimento é calculado para maximizar o share.
A quem interessa, o resultado é claro: mais visualizações, mais receita, mais influência.
Rafaela Antunes
novembro 18, 2025 AT 13:32Olha, acho que o SBT passou dos limites ao usar a morte de uma personagem tão icônica como arma de marketing. É meio desagradável.