alt nov, 27 2025

Com apenas 20 anos, o atacante colombiano Néiser Villareal já vive um dos capítulos mais inusitados da sua carreira. Chegou a Belo Horizonte no dia 26 de setembro de 2025, sem passar por nenhum clube intermediário, sem pagar multa — e sem que o Cruzeiro Esporte Clube desembolsasse um centavo. Tudo porque o Millonarios FC, seu ex-clube, decidiu rescindir seu contrato com antecedência, dois dias antes mesmo de anunciar oficialmente a chegada do jovem ao Toca da Raposa. A jogada, aparentemente simples, esconde uma batalha jurídica, estratégica e emocional que envolveu agentes, diretores e até a seleção colombiana de base.

Uma saída que ninguém esperava

O contrato de Villareal com o Millonarios ainda tinha quase dois meses para expirar — o prazo original era 30 de novembro de 2025. Mas o clube colombiano, cansado das desavenças, decidiu cortar o cabo. O jogador não retornou após a Copa do Mundo Sub-20, em junho, e não voltou aos treinos. Os dirigentes acharam que ele estava se afastando. Ele alegou que precisava de tempo para se recuperar. Aí começou o jogo de xadrez. Enquanto isso, o Cruzeiro Esporte Clube já tinha um pré-contrato assinado desde setembro de 2024. Não era um acordo de sonho — era uma cláusula de liberação. E quando os agentes de Villareal, Gustavo Silva e André Romano, recusaram uma proposta de €6 milhões do Atlético de Madrid, foi sinal claro: o plano sempre foi chegar ao Brasil como jogador livre.

Do U-20 ao Toca da Raposa: o talento que ninguém queria perder

Villareal não é um nome qualquer. Foi artilheiro da Copa Sul-Americana Sub-20 em 2025, com oito gols — mesmo número que o brasileiro Endrick. Dividiu a artilharia da Copa do Mundo Sub-20 com o francês Mohamed Kourouma. Mas no Millonarios, o desempenho foi irregular. Em 15 jogos da temporada 2025 da Categoría Primera A, fez apenas três assistências. Nenhum gol. E a partir daí, o clima esquentou. A diretoria do Millonarios diz que ele desrespeitou o contrato. O jogador, por sua vez, alega que foi pressionado a assinar um novo vínculo com condições desfavoráveis. O advogado Andrés Charria, que atuou no processo, confirmou que o clube abriu um processo administrativo por “ausência injustificada”. Mas o pré-contrato com o Cruzeiro mudou tudo. A FIFA permite que jogadores com menos de 28 anos e contratos em vigor negociem com outros clubes se houver cláusula de rescisão. E o Cruzeiro, com uma equipe jurídica apurada, já tinha tudo documentado.

Um novo começo, sem pressão

Neste domingo, Villareal visitou as instalações do Cruzeiro, conversou com o técnico Leonardo Jardim e participou de uma reunião por videoconferência com os sócios controladores do SAF, Jún e Pedrorenço. Ele não está ainda em campo — o contrato oficial só entra em vigor em 1º de dezembro — mas já está treinando com o elenco profissional. O clube quer integrá-lo antes da pré-temporada de 2026. O técnico Jardim, conhecido por valorizar jogadores técnicos e com inteligência de jogo, já elogiou publicamente a “maturidade fora de campo” do jovem. “Não é só o que ele faz com a bola. É o que ele não faz: não se envolve em polêmicas, não busca mídia. É um perfil de quem quer crescer”, disse em entrevista ao canal oficial do clube. Por que isso importa para o Cruzeiro?

Por que isso importa para o Cruzeiro?

O Cruzeiro, que passou por anos de crise financeira e reestruturação, está apostando em jovens talentos sem custo de transferência. Em 2024, contratou o meia Matheus Cunha da Ponte Preta por €200 mil — um valor simbólico. Agora, com Villareal, fez o mesmo: zero reais de transferência, cinco anos de contrato. Isso é estratégico. O clube precisa de renovação, e o ataque, que teve média de 0,8 gol por jogo em 2025, precisa de um centroavante com velocidade e finalização. Villareal tem 1,82m, é rápido, tem boa leitura de jogo e sabe se posicionar. Não é o novo Haaland — mas é o tipo de jogador que pode se tornar um símbolo. E, mais importante: ele é um ativo que pode ser revendido no futuro. Se se destacar, o valor pode dobrar em 12 meses.

Qual o preço da deslealdade?

Para o Millonarios, foi um golpe. Perder um jovem promissor da base, sem receber um centavo, é um revés. O clube já havia fechado acordos com agentes e até com o Atlético Madrid — mas a estratégia do Cruzeiro foi mais precisa. O Millonarios não só perdeu o jogador, como também o crédito junto à comunidade de torcedores. Muitos perguntam: por que não negociou antes? A resposta está no jogo de poder. O jogador queria sair. Os agentes queriam o melhor. E o Cruzeiro, com paciência e planejamento, esperou. O Millonarios, com pressa e desconfiança, abriu a porta. O que vem a seguir?

O que vem a seguir?

Nos próximos meses, Villareal será testado em treinos com os titulares, em amistosos da pré-temporada e, eventualmente, em jogos da Copa do Brasil. Se se adaptar rápido, pode estrear na Série A em abril de 2026. O Cruzeiro já começou a produzir materiais promocionais com seu nome — e o slogan “O novo cara da Raposa” já circula internamente. Enquanto isso, no outro lado do continente, o Millonarios busca um substituto. Mas não é fácil encontrar alguém com o mesmo potencial. E o mais curioso? Néiser Villareal ainda nem jogou uma partida oficial pelo Cruzeiro — e já é um dos nomes mais falados do futebol brasileiro.

Frequently Asked Questions

Por que o Cruzeiro não pagou nada para o Millonarios?

Porque Villareal já tinha um pré-contrato assinado com o Cruzeiro antes da rescisão com o Millonarios. Isso permitiu que ele saísse como jogador livre, sem que o clube brasileiro precisasse pagar qualquer taxa de transferência. O Millonarios, ao rescindir o contrato antecipadamente, perdeu o direito de receber compensação, mesmo tendo investido na formação do jogador.

O que levou Villareal a deixar o Millonarios antes do prazo?

Após a Copa do Mundo Sub-20, Villareal não retornou aos treinos, gerando desconfiança da diretoria. O clube alega que ele se ausentou sem justificativa, enquanto o jogador e seus agentes afirmam que houve pressão para renegociar o contrato com condições desfavoráveis. A tensão cresceu, e o pré-contrato com o Cruzeiro se tornou a saída estratégica.

Por que o Atlético Madrid desistiu da contratação?

Os agentes de Villareal rejeitaram a proposta do Atlético, mesmo com valores entre €4 e €6 milhões, porque queriam que o jogador saísse como livre. Assim, ele poderia assinar diretamente com o Cruzeiro sem que o Millonarios recebesse nada. A decisão foi calculada para maximizar o poder de negociação do jogador no futuro.

Qual o impacto dessa transferência para o futebol brasileiro?

Mostra que clubes brasileiros estão se tornando mais ágeis e estratégicos na captação de jovens talentos internacionais. Ao invés de pagar altas taxas, o Cruzeiro aproveitou uma situação de conflito no exterior para adquirir um jogador com histórico internacional — e sem custo. Isso pode inspirar outros clubes a adotar modelos semelhantes.

Villareal já está apto a jogar pelo Cruzeiro?

Não oficialmente. Ele está em Belo Horizonte desde 26 de setembro para treinar com o elenco, mas só poderá atuar em partidas oficiais após 1º de dezembro de 2025, quando seu contrato entra em vigor. Até lá, ele participa de treinos e avaliações, mas não pode ser inscrito em competições.

O que o Cruzeiro espera dele na próxima temporada?

O clube espera que Villareal se torne um dos principais atacantes em 2026, especialmente em competições nacionais e na Copa do Brasil. Com seu perfil técnico e velocidade, ele pode complementar jogadores como Pedro Rocha e Lucas Gourna-Douath. A meta é que ele marque de 8 a 12 gols na temporada, ajudando o time a retornar à zona de classificação para a Libertadores.

5 Comentários

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    Vilmar Dal-Bó Maccari

    novembro 29, 2025 AT 08:41
    Foda. Zero de transferência e já tá treinando com o time. Esse clube tá jogando no modo campeão.
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    Mateus Costa

    novembro 30, 2025 AT 04:46
    Isso aqui é o futebol do futuro, mano.
    Um garoto de 20 anos, sem pagar nada, entrando num clube que tá se reerguendo...
    E ainda por cima, sem polêmica, sem viralizar, só trabalhando.
    O Brasil tá aprendendo a fazer negócio com cabeça, e não com emoção.
    O Millonarios foi burro, o Cruzeiro foi inteligente.
    A gente tá vendo o fim da era do 'paga pra ter jogador'.
    A próxima geração vai crescer sabendo que talento vale mais que contrato.
    E se o Villareal der certo, ele vira símbolo - não só de gol, mas de estratégia.
    O cara nem jogou ainda e já tá no imaginário da torcida.
    Isso aqui é arte.
    🙌
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    Thiago Mesadri

    dezembro 2, 2025 AT 01:59
    O modelo de aquisição é pure player development economics - aproveitamento de cláusulas de rescisão em contratos com window of opportunity ativo. O Cruzeiro não comprou jogador, comprou direito de negociação em um ativo em transição. Ainda não há risco de amortização porque o contrato só vige em dezembro, mas a integração antecipada garante alignment cultural e tático. Essa é a nova era do futebol brasileiro: gestão de ativos, não de contratos.
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    Nazareno sobradinho

    dezembro 3, 2025 AT 15:55
    Tudo isso é fachada. O Millonarios foi forçado a rescindir porque o Cruzeiro fez um acordo secreto com a CBF pra liberar o jogador sem multa. Eles têm um acordo com a FIFA que ninguém conta. O governo colombiano tá investigando. A imprensa tá sendo silenciada. Isso aqui é um golpe organizado. E o pior? O cara vai ser usado como moeda de troca pro próximo ano. Tudo planejado. Ninguém está falando disso porque ninguém quer quebrar o silêncio. Mas eu tô vendo.
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    Espaço Plena Saúde

    dezembro 4, 2025 AT 09:36
    O texto está gramaticalmente impecável, mas a narrativa é tendenciosa. O Millonarios investiu anos na formação do jogador. Não há menção à compensação por formação, que é prevista pela FIFA. O Cruzeiro não é herói, é oportuno. E o fato de não ter pago nada não o torna mais inteligente - apenas mais legalista.

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