alt mai, 27 2025

João Fonseca mostra personalidade e domina Hurkacz em Paris

Quem assistiu à estreia de João Fonseca na chave principal de Roland Garros na última terça-feira viu mais que um simples jogo de tênis. O jovem de apenas 18 anos, já considerado uma das grandes promessas do tenis brasileiro, não só venceu o polonês Hubert Hurkacz – cabeça de chave 30 – mas fez isso de forma avassaladora: 6-2, 6-4, 6-2, em pouco mais de uma hora e quarenta minutos. Tudo aconteceu na quadra 7, tomada por brasileiros que entoavam cantos e faziam da atmosfera algo quase caseiro para Fonseca.

A ascensão meteórica do carioca impressiona quem acompanha o circuito. Atual número 65 do ranking mundial, Fonseca já tinha feito barulho quando avançou à segunda rodada do Australian Open logo em sua primeira participação, ainda como qualifier. Meses depois, ergueu seu primeiro troféu de ATP em Buenos Aires, algo que poucos da sua idade conseguem acontece. E não para por aí – foi também campeão do Next Gen ATP Finals em 2023, torneio que costuma revelar o futuro do esporte.

Poucos duvidavam do talento do garoto, mas a forma como ele despachou Hurkacz em Paris chamou atenção pelo controle emocional e maturidade dentro de quadra. Hurkacz não é só experiente, soma passagens pelos principais torneios do mundo e chegou às oitavas de final em Roland Garros no ano anterior. Mesmo assim, Fonseca dominou as trocas de fundo, impôs ritmo agressivo e jogou com naturalidade típica de quem parece nascer para o esporte. Todos saíram da quadra 7 convencidos: Fonseca não está só de passagem pelo circuito.

Da nostalgia às arquibancadas: Paris e o jovem brasileiro

Tem algo de especial na relação entre Fonseca e Paris. Antes de começar o torneio, ele contou em coletiva de imprensa que sentiu um verdadeiro déjà vu ao voltar à cidade onde construiu parte de sua trajetória nas categorias de base. A memória dos tempos de juvenil reviveu – mas dessa vez ele voltou maior, encarando os grandes nomes do tênis adulto e mostrando que aprendeu rápido com cada lição vivida dentro e fora das quadras francesas.

A atmosfera no estádio estava diferente. Muitos brasileiros ocuparam o espaço, munidos de bandeiras e muita energia. Fonseca reconheceu a influência dessa vibração para manter a concentração nos momentos decisivos. O apoio fez diferença, especialmente no segundo set, quando Hurkacz tentou equilibrar a partida e chegou a pressionar o saque do brasileiro. Fonseca, porém, resistiu com trocas de bola rápidas e inteligente variação de jogadas.

Nas estatísticas do jogo, Fonseca se destacou pelo baixo número de erros não-forçados e facilidade em transformar break points em vantagem. A maturidade impressiona para alguém com menos de duas temporadas completas no circuito profissional. E não foi apenas o saque ou a força dos golpes que chamaram atenção – a postura, a frieza e a comunicação com a equipe em torno transmitem a imagem de um jogador preparado para muito mais.

Depois desse resultado, Fonseca já está nas manchetes e sondado como um dos nomes a se observar no restante do torneio. O feito contra Hurkacz, um rival tradicionalmente perigoso no saibro parisiense, coloca o brasileiro sob uma nova ótica: a de quem pode, de fato, ir além da promessa e brigar entre os grandes. No circuito, esse tipo de vitória não passa despercebida. Agora, restam as expectativas, o frio na barriga dos torcedores e a certeza: João Fonseca chegou para ficar.