alt set, 27 2025

Por que o governo decidiu clasificar os telegramas?

Em meio a uma onda de solicitações de transparência, a O Globo pediu ao MRE o conteúdo completo de telegramas, despachos e circulares trocados entre o Ministério das Relações Exteriores e a embaixada brasileira em Caracas. O pedido cobria todo o período de 1º de janeiro de 2023 a 30 de dezembro de 2024 e se concentrava em mensagens que citassem Joesley Batista, Wesley Batista, JBS, J&F ou Âmbar Energia.

A resposta veio rápida: a embaixadora no Chile, Glivânia Maria de Oliveira, acionou a classificação de sigilo por cinco anos, usando a Lei de Acesso à Informação (LAI) como base. O texto legal permite restringir informações que possam "prejudicar ou colocar em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do país" ou ainda que sejam confidenciais fornecidas por outros Estados.

  • Telegramas e despachos diplomáticos entre Brasília e Caracas;
  • Comunicações contendo as palavras‑chave solicitadas;
  • Registros de encontros oficiais, como a reunião de 27 de fevereiro de 2024 com Pedro Tellechea, então ministro de Petróleo da Venezuela;
  • Detalhes sobre negócios envolvendo a J&F e a expansão da empresa no setor de energia.

A decisão de sigilizar o material gerou protestos de jornalistas que argumentam que a população tem direito a saber como o Estado lida com grandes conglomerados privados, sobretudo quando há risco de influência de regimes autoritários.

O que está em jogo para os Batista brothers?

O que está em jogo para os Batista brothers?

Os irmãos Batista, controladores do grupo J&F – dono da gigante de carnes JBS – mergulharam no setor de petróleo ao adquirir a pequena empresa venezuelana Fluxus em 2023. Desde então, Joesley e Wesley vêm buscando oportunidades em campos de petróleo tanto na Venezuela quanto no Peru, sinalizando uma estratégia de diversificação agressiva.

A visita ao ex‑ministro de Petróleo, Pedro Tellechea, é apenas um exemplo das reuniões de alto nível que a J&F tem mantido com autoridades do governo de Nicolás Maduro. Embora o conteúdo das conversas permaneça oculto, a simples existência de diálogos com figuras-chave do regime levanta questões sobre a natureza dos acordos – seriam investimentos, fornecimento de equipamentos, ou até mesmo parcerias que contornam sanções internacionais?

Analistas de comércio exterior alertam que a presença de empresas brasileiras em setores estratégicos da Venezuela pode criar dependências delicadas. Por um lado, a expansão oferece acesso a mercados energéticos em crescimento; por outro, pode colocar os negócios em risco de interrupções políticas ou econômicas, além de expor investidores a críticas de movimentos sociais que condenam a cooperação com o governo de Maduro.

Para o governo Lula, a classificação de sigilo serve como um escudo diplomático: evita que detalhes sensíveis vazem e prejudiquem negociações em curso, seja com a Venezuela ou com parceiros regionais. Contudo, críticos argumentam que a medida pode ser vista como conivência ou, no mínimo, como falta de transparência perante a sociedade brasileira.

Enquanto isso, a O Globo segue pressionando por acesso total aos documentos, citando o direito constitucional à informação e a necessidade de fiscalizar potenciais conflitos de interesse entre o Estado e grandes empresários. A disputa judicial ainda está nos seus primeiros capítulos, e os próximos movimentos do Ministério das Relações Exteriores podem definir se outras comunicações diplomáticas também serão encerreadas sob sigilo.

15 Comentários

  • Image placeholder

    Graziely Rammos

    setembro 29, 2025 AT 05:14
    serio? mais quem liga mesmo, se o negócio é no exterior e não afeta o bolso do brasileiro médio...
  • Image placeholder

    Giancarlo Luiz Moreno Ore

    setembro 30, 2025 AT 21:21
    isso é clássico: quando o poder quer esconder algo, sempre usa a desculpa de 'segurança nacional'. Mas se é só um monte de telegrama sobre negócios privados, por que não deixa vir à tona? A transparência não é o que a gente sempre pede?
  • Image placeholder

    Juliana Rassi

    outubro 1, 2025 AT 00:55
    eu acho que a gente tem que lembrar que a JBS já teve um passado bem sujo... e agora tá se metendo em Venezuela? Sério? Isso é como se o cara que roubou o carro da vizinha agora quisesse comprar o carro do prefeito. 🤦‍♀️
  • Image placeholder

    Madalena Augusto

    outubro 2, 2025 AT 20:06
    NÃO PODEMOS DEIXAR ISSO PASSAR!!! 🚨 O governo tá escondendo o que? O que será que tem nesses telegramas?!?!?!?!?!? ELES TÊM ALGO A VER COM O MADURO?!?!?!?!?!?!?!
  • Image placeholder

    priscila mutti

    outubro 3, 2025 AT 03:59
    A Lei de Acesso à Informação foi criada para garantir transparência, não para ser usada como instrumento de opacidade. A classificação de sigilo neste caso, se não for devidamente justificada por critérios objetivos e independentes, configura uma violação formal do princípio da publicidade, conforme o art. 37 da Constituição Federal.
  • Image placeholder

    Rafael Ervolino

    outubro 3, 2025 AT 10:40
    aqui tá o core do problema: empresas privadas com acesso a canais diplomáticos. Isso é um conflito de interesse estrutural. A diplomacia não é um braço da consultoria corporativa. Se a J&F tá fazendo negócio na Venezuela, que façam por conta própria, sem usar o MRE como escudo.
  • Image placeholder

    Maria Luíza Chacon

    outubro 4, 2025 AT 10:54
    Eu acho que... se o governo tá escondendo, é porque tem algo... mas... será que é só isso? Será que não tem outro lado? Será que a gente não tá sendo manipulado pela mídia? Será que...
  • Image placeholder

    José Lopes

    outubro 5, 2025 AT 14:08
    Brasil não pode ser cúmplice de ditaduras. Ponto.
  • Image placeholder

    Karolyne Peres

    outubro 5, 2025 AT 21:09
    A decisão de sigilo, embora tecnicamente amparada pela LAI, suscita uma tensão profunda entre a segurança da diplomacia e o direito à informação pública. A ausência de um mecanismo de revisão independente e transparente torna este ato suscetível à instrumentalização política, o que compromete a legitimidade institucional.
  • Image placeholder

    Maria Gomes

    outubro 7, 2025 AT 04:01
    BRASIL É PAÍS DE CÚMPLICE! O LULA É UM TRAIDOR! ESSA GENTE TÁ VENDENDO O PAÍS PRA VENEZUELA! VAMOS QUE VAMOS!
  • Image placeholder

    Mauricio Samuel Senhor dos Mortos

    outubro 7, 2025 AT 23:33
    Esses Batista são ladrões. Tudo que eles tocam vira crime. E o governo tá protegendo eles. Isso é vergonha.
  • Image placeholder

    Eduardo Almeida

    outubro 8, 2025 AT 22:35
    A classe política brasileira é uma piada. Eles se escondem atrás de leis pra proteger corruptos. 🤡 O povo tá cansado. E não vai esquecer. NUNCA.
  • Image placeholder

    Lorenna Alcântara

    outubro 10, 2025 AT 02:52
    é triste, mas a gente tem que acreditar que a verdade vai sair! 💪 a imprensa tá de olho, a sociedade tá acordada, e isso é o mais importante! vamos manter a pressão, gente! 🙌❤️
  • Image placeholder

    Fabrício Neves

    outubro 10, 2025 AT 22:54
    a gente tem que lembrar que a venezuela ta em crise e qualquer investimento la é arriscado... mas se a j&f ta fazendo isso, é porque tem algum tipo de vantagem... talvez seja só logistica... ou talvez...
  • Image placeholder

    Leandro Rodrigues

    outubro 11, 2025 AT 15:31
    A classificação de sigilo, embora legal, é moralmente inaceitável. O povo brasileiro não é um ente passivo a ser manipulado por burocracias que se escondem atrás de termos técnicos. A soberania popular exige transparência, e não o oposto. A O Globo está correta em exigir a revelação. A democracia não se sustenta com sigilo arbitrário.

Escreva um comentário