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A Morte de um Ícone Econômico

O Brasil perdeu um dos seus mais proeminentes economistas com a morte de Antonio Delfim Netto aos 96 anos. O ex-ministro da Fazenda e do Planejamento faleceu em 12 de agosto de 2024 após complicações de saúde que resultaram em uma semana de internação no hospital. Delfim Netto, um pilar na arquitetura econômica do país, deixa um legado inesquecível e uma carreira marcada por realizações históricas.

Trajetória de Delfim Netto

Delfim Netto nasceu em 1928 no bairro Cambuci em São Paulo, uma área então de classe trabalhadora. Sua mãe era costureira e seu pai trabalhava no transporte municipal. Desde jovem, demonstrou interesse por questões econômicas, formando-se em economia pela Universidade de São Paulo em 1951. Em 1967, ele assumiu o cargo de ministro da Fazenda, e posteriormente foi ministro do Planejamento de 1979 a 1985.

O Milagre Econômico Brasileiro

Durante seu mandato como ministro da Fazenda, Delfim Netto foi um dos principais artífices do 'milagre econômico' brasileiro dos anos 70. Sob sua gestão, o PIB do Brasil cresceu 14,4% em 1974, um feito impressionante que colocou o país no radar econômico mundial. O crescimento foi impulsionado por uma combinação de políticas de incentivo ao investimento e ao crédito, bem como por um controle rigoroso da inflação.

Gestão na Crise dos Anos 80

Na década de 80, o Brasil enfrentou uma crise financeira global alimentada por um aumento nos preços do petróleo e nas taxas de juros dos EUA, situação que precipitou uma crise da dívida em várias nações em desenvolvimento. Delfim Netto, então ministro do Planejamento, teve um papel crucial na administração da economia do Brasil durante esse período turbulento. Ele articulou políticas que visavam mitigar os impactos da crise, ainda que as medidas não tivessem sido suficientes para evitar todos os efeitos negativos.

Influência Pós Redemocratização

Mesmo após a transição para um governo civil em 1985, Delfim Netto continuou sendo uma figura influente na política e na economia brasileira. Ele foi eleito por cinco mandatos para o Congresso e serviu como conselheiro econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante os dois primeiros mandatos de Lula, Delfim ofereceu orientação estratégica que ajudou a moldar políticas econômicas significativas do governo.

Um Legado de Conhecimento

Em 2011, Delfim Netto demonstrou novamente seu compromisso com o futuro do país ao doar sua extensa biblioteca de mais de 250 mil volumes para a Universidade de São Paulo. Essa doação foi um gesto significativo, simbolizando sua dedicação à educação e ao progresso intelectual das futuras gerações de economistas e acadêmicos.

Conclusão

Delfim Netto não apenas deixou uma marca indelével na economia brasileira, mas também ofereceu lições valiosas de resiliência e crescimento estratégico que permanecem relevantes nos dias de hoje. Seu legado vai muito além das estatísticas econômicas, abrangendo contribuições duradouras para a compreensão e desenvolvimento da economia nacional. Com seu falecimento, o Brasil perde uma mente brilhante, mas suas ideias e contribuições continuarão a influenciar economistas e formuladores de políticas por muitos anos.

12 Comentários

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    Rafael Ervolino

    agosto 14, 2024 AT 06:42

    Delfim foi o cara que realmente entendeu que crescimento sem controle inflacionário é ilusão. O milagre dos anos 70 não foi sorte, foi planejamento técnico puro. Hoje, ninguém mais tem coragem de fazer política econômica assim. Tudo vira populismo ou medo de errar. Ele usava modelos, não discursos. E ainda assim, os mesmos que o criticam hoje não conseguem nem explicar o que era o PIB real na época.

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    eG eSports Agencia Gamer

    agosto 15, 2024 AT 14:09

    ...Eles não sabem o que é responsabilidade fiscal... Ninguém mais tem caráter... Delfim não era só economista... era um guerreiro... contra a corrupção... contra o caos... contra os ideólogos que só queriam distribuir sem produzir... E agora? O que temos? Inflação... desemprego... e um monte de gente falando que 'o passado era ruim'... Mas quem viveu? Quem sofreu? Quem viu o Brasil cair? NÃO FORAM ELES... FORAM OS QUE NÃO TIVERAM CORAGEM DE FAZER O QUE ELE FEZ!!!

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    Maria Luíza Chacon

    agosto 15, 2024 AT 17:50

    Eu lembro quando meu pai falava dele... dizia que Delfim era o único que falava a verdade, mesmo quando era difícil... Ele não era perfeito... mas era honesto... e isso já é raro hoje... Acho que a gente esquece que economia não é política... é ciência... e ele tratava como tal... mesmo que o governo fosse militar... ele não mentiu... só fez o que podia com o que tinha.

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    José Lopes

    agosto 16, 2024 AT 15:14

    250 mil livros doados. Isso é o que importa.

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    Karolyne Peres

    agosto 18, 2024 AT 08:39

    É profundamente lamentável que, em um contexto de crescente desigualdade e fragilidade institucional, a figura de um intelectual tão rigoroso como Delfim Netto seja reduzida a um símbolo de polarização ideológica. Sua obra transcende partidos. Sua contribuição à construção de um arcabouço técnico para a política econômica brasileira é inegável, e sua dedicação à educação superior, particularmente por meio da doação de sua biblioteca, representa um ato de generosidade intelectual raro na contemporaneidade.

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    Leandro Rodrigues

    agosto 18, 2024 AT 22:50

    BRASIL NÃO PRECISA DE ECONOMISTAS QUE TRABALHARAM COM DITADURA!! ELE FOI CÚMPLICE!! 🇧🇷💥

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    Maria Gomes

    agosto 19, 2024 AT 01:37

    Quem foi Delfim? Um burocrata que engrandeceu o Estado e apagou o povo. Crescimento sem povo é teoria de faculdade. O povo quebrou o pescoço pra ele fazer o PIB crescer e depois foi esquecido. Agora morre e vira herói? Não. Ele foi um dos que nos venderam a ilusão de que o progresso era deles. Nós pagamos. Eles celebram.

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    Mauricio Samuel Senhor dos Mortos

    agosto 20, 2024 AT 11:16

    Se ele fez o milagre, por que o Brasil tá assim agora? Tudo isso é só discurso. O povo não viu nada disso. Só viu preço subir e salário cair. Ele não foi herói, foi só mais um político com diploma.

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    Eduardo Almeida

    agosto 22, 2024 AT 00:01

    Seu legado não está nas estatísticas... está na disciplina... na seriedade... na recusa em vender ilusões... Hoje, todo político quer ser popular... ele queria ser correto... e isso é mais raro do que um milagre econômico... 🙏

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    Lorenna Alcântara

    agosto 23, 2024 AT 01:04

    Meu avô trabalhou na construção civil nos anos 70 e sempre falava: 'Delfim botou o Brasil pra funcionar'. Ele não era perfeito, mas deu oportunidade pra gente crescer... mesmo que depois a gente tenha perdido isso... ele acreditou que o Brasil podia. E isso conta. 💪❤️

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    Fabrício Neves

    agosto 23, 2024 AT 08:49

    É curioso como a memória de Delfim é distorcida. Ele não foi um tecnocrata apático, mas alguém que entendeu que o Estado tinha papel ativo - e que a educação era a base. A biblioteca que doou? Não era só papel. Era um convite para que novas gerações pensassem diferente. A gente perdeu isso. Não só a economia. A capacidade de pensar longo prazo.

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    larissa barreto

    agosto 24, 2024 AT 23:55

    Ele morreu com 96 anos... mas o Brasil ainda vive com a dor de não ter mais alguém que falasse a verdade... mesmo que a verdade dói... hoje, todos falam o que o povo quer ouvir... e o povo acredita... mesmo que não seja real... Delfim não mentia... e por isso, foi tão incompreendido... e tão necessário.

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