alt mai, 14 2025

Operação Policial Intensa Tira Líder do Tráfico de Circulação

O Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, virou novamente palco de tensão depois que a Polícia Militar executou uma operação pesada na manhã do dia 13 de maio de 2025. A ação mirou diretamente Thiago da Silva Folly, apontado como um dos principais chefes do tráfico na região. Folly foi localizado escondido em um bunker, construção típica desses grupos para escapar da polícia ou de grupos rivais.

O momento da abordagem foi marcado por um tiroteio intenso. Os disparos assustaram quem estava nas ruas, obrigando comerciantes a baixarem as portas e escolas a fecharem logo cedo. A Avenida Brasil, uma das mais movimentadas da cidade e rota diária de milhares de trabalhadores, precisou ser interditada por horas. Para muita gente que mora ou passa pela Maré, o sentimento de rotina tomada por medo e incerteza se repetiu.

Segundo relatos de moradores, o confronto começou por volta das 6h da manhã. O clima era de guerra — helicópteros sobrevoando, carros blindados cruzando as vielas e agentes fortemente armados avançando pelas entradas do complexo.

Onda de Violência e a Vida Entre Tiros

Onda de Violência e a Vida Entre Tiros

A morte de Folly se soma a uma série de intervenções cada vez mais frequentes no Complexo da Maré, onde a disputa pelo controle do tráfico escancara uma realidade marcada pelo risco diário. Nos últimos anos, a região acumula episódios parecidos: em 2022, uma operação que durou quase uma semana terminou com 18 mortos. A promessa de segurança, para quem vive ali, se confunde com o medo de ser vítima de balas perdidas ou de perder familiares e amigos em meio aos confrontos.

A abordagem da polícia é alvo constante de críticas. Organizações de direitos humanos voltam a alertar para o perigo do uso da força letal, principalmente quando resulta no isolamento e deslocamento forçado de moradores. Crianças e adolescentes, especialmente, sentem o impacto: escolas fecham, aulas são suspensas e atividades rotineiras viram um desafio. Tem mães que mandam mensagem no grupo da escola perguntando se está seguro levar o filho ou se é melhor esperar. O transporte coletivo muda, médicos e enfermeiros têm que desmarcar consultas, emergências ficam com acesso bloqueado.

As instituições públicas tentam explicar que as operações são necessárias para enfraquecer o tráfico armado, que movimenta cifras milionárias na cidade. De outro lado, lideranças comunitárias apontam falta de investimento em políticas sociais, e lembram que o poder paralelo ganha força quando o Estado só aparece com fuzil na mão. É um ciclo difícil de romper: a cada novo chefe abatido, outro assume o comando, e a comunidade continua refém da guerra nunca declarada.

O caso de Thiago Folly marca mais um capítulo dessa disputa, desafiando a ideia de que operações militares resolverão definitivamente o problema. Enquanto tiros ecoam e portões se fecham, quem mora na Maré segue tentando viver, apesar da rotina marcada por sirenes e desconfiança.