alt abr, 22 2025

Uma morte que marca a história da Igreja

A manhã do último dia de 2022 foi marcada por silêncio e comoção no Vaticano. Aos 95 anos, Bento XVI faleceu no Mosteiro Mater Ecclesiae, dentro da Cidade do Vaticano, encerrando uma fase rara: durante quase uma década, dois papas, um ativo e outro emérito, viveram sob o mesmo teto sagrado, algo que não se via há séculos. A causa da morte foi um choque cardiogênico desencadeado por insuficiência respiratória progressiva — sinais de um corpo já fragilizado pela idade e doenças crônicas.

O antigo Pontífice Ratzinger, conhecido por sua postura discreta e intelectual, foi velado em um dos cenários mais simbólicos do mundo cristão: a Basílica de São Pedro. Entre os dias 2 e 4 de janeiro, cerca de 195 mil pessoas passaram diante de seu corpo, muitas enfrentando longas filas e frio intenso, vindas de vários cantos do planeta. O respeito e carinho eram visíveis: famílias inteiras, religiosos, peregrinos e até turistas estrangeiros buscaram prestar suas homenagens ao papa que ficou conhecido como um “humilde trabalhador na vinha do Senhor”.

Homenagem e legado reconhecido internacionalmente

Homenagem e legado reconhecido internacionalmente

A cerimônia de despedida, em 5 de janeiro, reuniu cerca de 50 mil pessoas numa Praça São Pedro lotada, com direito a uma multidão de autoridades religiosas, líderes políticos europeus e representantes de outras religiões. O próprio Papa Francisco presidiu o rito fúnebre, algo incomum e carregado de simbolismo: um papa, ainda no cargo, rezando pelo papa antecessor, numa mensagem silenciosa de respeito institucional e abertura para novos tempos na Igreja Católica.

  • O corpo de Bento XVI foi envolvido em três caixões: um interno de cipreste, um intermediário forrado de zinco e um externo de carvalho, respeitando tradições seculares do Vaticano.
  • A sepultura escolhida foi a cripta de São Pedro, embaixo da basílica, ocupada antes por João Paulo II — mais um elo entre líderes espirituais que marcaram gerações, e agora permanece aberta ao público.

O luto oficial extrapolou os muros do Vaticano. Costa Rica, em um gesto inusitado para um país de maioria católica, decretou quatro dias de luto nacional, mostrando como o legado de Bento XVI alcançou fieis e admiradores além da Europa. Apenas um mês após a morte, o Vaticano lançou ainda um selo postal especial, buscando eternizar a memória do papa alemão no imaginário dos colecionadores e entusiastas da filatelia religiosa.

Bento XVI será lembrado tanto pela atitude corajosa que encerrou quase seis séculos de papados ininterruptos quanto pelo perfil discreto e estudioso, marcando definitivamente a história da Igreja Católica no século XXI. A convivência simultânea de dois papas ficará para sempre registrada nos livros e nas lembranças dos que viveram esse período singular no Vaticano.