Queda do Boeing 737-800 da Jeju Air provoca renúncia e gera questionamentos sobre segurança aérea na Coreia do Sul
Na madrugada do dia 29 de dezembro de 2024, um dos piores desastres aéreos da história recente da Coreia do Sul marcou o país. Um Boeing 737-800, operado pela companhia Jeju Air, tentou aterrissar no Aeroporto Internacional de Muan, mas teve uma falha no trem de pouso. O avião, com 181 pessoas a bordo, não conseguiu completar a manobra e saiu da pista, se chocando violentamente contra um muro de concreto. A aeronave explodiu em chamas. Desses 181 ocupantes, apenas dois membros da tripulação sobreviveram — um cenário de devastação quase total.
A tragédia rapidamente gerou intensa pressão sobre o governo. O acidente aéreo não foi apenas um momento dramático para familiares e sobreviventes, mas também trouxe ao centro do debate nacional falhas na infraestrutura e nos protocolos de segurança dos aeroportos coreanos. O próprio ministro dos Transportes, Park Sang-woo, veio a público assumir o peso da responsabilidade e anunciou que deixará o cargo assim que o gerenciamento da crise estiver estabilizado.

Estrutura do aeroporto e fatores investigados aumentam polêmica
O acidente levantou várias perguntas. Investigadores avaliam hipóteses como impacto de aves, condições meteorológicas desfavoráveis e até questões técnicas do avião, mas chamam atenção também para a infraestrutura do próprio aeroporto. O concreto rígido e a proximidade do muro onde o avião colidiu foram apontados por especialistas como fatores que potencializaram o número de mortos. Consultores em aviação disseram, em entrevistas para a imprensa local, que a zona de escape do aeroporto era curta demais e o muro, resistente demais para permitir qualquer chance de sobrevivência além dos dois sobreviventes.
Enquanto o país digeria a dimensão da tragédia, o cenário político já era complicado. Desde o início de dezembro, a Coreia do Sul passa por turbulência após a imposição de lei marcial pelo presidente Yoon Suk Yeol, além de tentativas de impeachment contra o primeiro-ministro Han Duck-soo. Em meio a essa instabilidade, a resposta à crise do acidente foi também observada sob a lente da crise política.
Park Sang-woo reconheceu falhas do Estado na supervisão da segurança, especialmente por ser sua pasta responsável por todos os aspectos de infraestrutura de aviação. Um dos pontos que ele reforçou, antes de deixar o governo, foi a necessidade de mudanças imediatas nos sistemas de pouso e nas normas de construção dos aeroportos para evitar tragédias semelhantes. Enquanto isso, autoridades continuam analisando dados da caixa-preta, ouvindo sobreviventes e familiares e revisando os procedimentos operacionais.
Além do luto, fica para os sul-coreanos a constatação de que ajustes urgentes precisam ser feitos — tanto na segurança das viagens quanto na condução das respostas nos momentos de crise.